Rafael Taramelli: transformando a cadeia de consumo do café na busca pela qualidade
Nossa curadoria de fevereiro de 2025 veio diretamente da região vulcânica do Vale da Grama. Por conta da erupção de um vulcão extinto há mais de 80 anos, os solos de lá são extremamente férteis e comumente originam cafés cítricos e de acidez marcante. A seleção Veroo deste mês não fugiu disso: um cafezão de 85 pontos, frutado e ácido, lembrando laranja lima e limão siciliano.
Cultivado entre duas cadeias de montanha da Serra da Mantiqueira, com seus dias quentes e noites frias e uma altitude que permeia os 1000 metros, esse café matura de forma mais lenta, o que aumenta ainda mais sua qualidade ímpar e a experiência sensorial inesquecível que promove. Depois de provar a seleção de fevereiro, você nunca mais vai se esquecer como é sentir um café do Vale da Grama no paladar!
O passado e o futuro se encontram
A cafeicultura vem sendo praticada na Fazenda São Caetano desde 1940, ou seja, há 85 anos. Rafael é a terceira geração da família a assumir o comando dos cafezais, à convite do seu pai. Para ele, é um orgulho poder contribuir nessa batalha diária, cheia de boas recompensas e conquistas, a qual começou com seu avô e sua avó na compra de um pequeno sítio, chamado São Caetano.
É claro que, em todos esses anos e diante de diferentes gerações, a forma de se pensar a cafeicultura foi sendo moldada. Hoje, Rafael enxerga como uma de suas grandes missões e responsabilidades manter o processo de educação do consumidor de café no Brasil, conscientizando o público de todo o esforço e do valor da cadeia produtiva, do pé à xícara.
Para ele, investir em conhecimento, tecnologia e em respeito ao meio ambiente é e deve continuar sendo o guia da cafeicultura na fazenda da família. Transformando o método tradicional de cultivo, ele preza por cuidar de tudo, desde o micro: “isso é o caminho, é o presente e o futuro”.
A estrutura da Fazenda São Caetano
A Fazenda São Caetano conta com dois ambientes bastante distintos: um dele é a Fazenda São Caetano de 1940, abençoada com a brisa fresca do alto da montanha, em uma altitude de 1100 a 1300 metros, onde 60% de todo o trabalho ainda é manual, desde o processo de cultivo até a pós-colheita; o outro é mais recente, localizado a 900 metros de altitude, onde os plantios de café começaram em 2017 e chegaram hoje em 60 hectares.
Esse segundo ambiente é 100% mecanizado, podendo contar somente com o auxílio de 5 ou 6 pessoas durante o ano todo para continuar a todo vapor. Nossa seleção de fevereiro surgiu daí e, portanto, é resultado também da integração positiva entre a tecnologia e a natureza. Vale ainda destacar que essa “sociedade” entre o cultivo do café e o respeito ao meio ambiente é um pilar essencial do que vem sendo construído por lá.
Além disso, o processo de pós-colheita conta com uma espécie de “laboratório do café”, onde ocorrem a torrefação, a análise sensorial, a decisão de destino e alguns outros testes para cada lote das 13 variedades de café produzidas na fazenda. Rafael, que também é Q-Grader, sempre se reúne com amigos e especialistas para adquirir cada vez mais conhecimento e melhorar ainda mais a qualidade dos cafés que obtém.
Conhecimento e reconhecimento andam juntos
Atualmente, na Fazenda São Caetano, é desenvolvido o cultivo de um mix de plantas nas entrelinhas do café, além de outras práticas relacionadas à significativa aplicação de tecnologia, a fim de regenerar o solo, controlar pragas e deixar o ambiente mais equalizado. Assim, eles se aliam ao meio ambiente e crescem alinhados à conservação da natureza, permitindo também que os animais e plantas típicos da região cresçam e permaneçam por ali. O Rafael nos contou, inclusive, que a fauna nativa é o que não falta mais por lá: tamanduá-bandeira, lobo guará, tucanos e outros pássaros, lebres…
Além disso, os projetos futuros da fazenda incluem um sistema de seca com caldeira, muito mais eficiente e sustentável. O objetivo é obter ainda mais eficiência energética: eliminar praticamente 90% das emissões de gás carbônico originado da queima de madeira e palha, por exemplo.
Os resultados não seriam diferentes do esperado: diversos prêmios e grãos dotados de um perfil sensorial único, como aquelas experiências que ficam na memória! Hoje, o time São Caetano é certificado pela Rainforest, atestando que os cafés são sustentáveis e respeitam toda a cadeia social e ambiental em que “vivem”. Além disso, a fazenda possui 20 prêmios regionais e nacionais, dentre eles dois anos como melhor café do estado de São Paulo pelo concurso da Illy.
O poder do café especial é conectar
Hoje, a São Caetano é referência na região em qualidade de cafés, sendo que 100% da fazenda produz café acima dos 83 pontos. A cafeicultura especial já vem sendo o foco há 1 década, e esse padrão tem sido mantido há 8 anos.
Apesar disso, o sonho não para… A grande vontade de Rafael é “continuar entregando qualidade e verdade, e, de certa forma, receber isso de volta, em forma de boas pessoas, boas conexões, boas propostas de empresas que também pensam como a gente”, em suas próprias palavras.
Deixamos por aqui o nosso sincero agradecimento por compartilhar com toda a nossa comunidade, para além de uma curadoria incrível, as histórias, experiências e o conhecimento praticado na Fazenda São Caetano. Esperamos que todos aproveitem essa seleção e essa conexão, assim como nós!
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