Quais são as 10 principais regiões produtoras de café especial no Brasil?

Quais são as 10 principais regiões produtoras de café especial no Brasil?

Você já ouviu falar nas grandes regiões produtoras de café especial do nosso país? Esse é um assunto bastante importante no universo cafeeiro e exerce uma influência muito forte na definição da sua xícara. Além disso, é graças a elas que o Brasil é o principal produtor de café do mundo, e é também através delas que podemos gerar valor e melhorias para que o país se fortaleça como potência global neste mercado. Por isso, vamos entender hoje do que se trata uma região produtora e como ela se relaciona com a qualidade dos grãos, além, é claro, de conhecer as 10 principais regiões produtoras de café especial no Brasil.

O que é uma região produtora de café?

As regiões produtoras de café também podem receber o nome de macrorregião ou microrregião. Como o próprio nome sugere, macrorregião é um território vasto que compartilha características comuns, sejam elas culturais, econômicas, ambientais, entre outras. Sendo assim, podemos olhar o agrupamento das terras por diversos ângulos. Mas, aqui trataremos de macrorregiões produtoras de café, ou seja, daquelas cujas semelhanças refletem no resultado dos cafezais que lá se desenvolvem. Vale salientar ainda que cada uma dessas porções de terra está dividida em outras microrregiões. Essas subdivisões, por sua vez, foram assim reunidas por se assemelharem ainda mais dentro do grande grupo a que pertencem.  

Como a região produtora influencia no café especial?

Como já falamos anteriormente, a localização é um fator determinante na qualidade e no perfil do café, visto que cada uma delas apresenta condições específicas de clima, solo, altitude, umidade, temperatura, índice de chuvas, dentre outras que se reúnem no conceito de terroir. Além disso, vale ressaltar ainda que se somam a isso as contribuições humanas no processo, como técnicas de cultivo e produção.

Sendo assim, tais características estão intimamente ligadas à localidade de cultivo dos grãos, o que explica a influência da macro ou microrrregião no resultado obtido em sua xícara. Pode-se dizer, inclusive, que as notas sensoriais, aroma, retrogosto e demais definições do café são uma espécie de subproduto dos fatores presentes em cada região de cultivo.

Pensando no território brasileiro, sua diversidade e comprimento geram uma variedade de terroirs e regiões produtoras, a qual reflete automaticamente na variedade também de cafés obtidos, principalmente quando se trata dos perfis sensoriais do café especial.

Veja as 10 principais regiões produtoras de café especial no Brasil

Mogiana (SP)

Alta Mogiana

A Alta Mogiana congrega 15 municípios paulistas e é bastante tradicional na produção de café. Sua altitude mais elevada permite a maturação lenta dos grãos. Seu clima é ameno, com temperaturas mais baixas na seca, o que se configura propício ao cultivo do café arábica. Além disso, o relevo mais montanhoso permite a drenagem da água da chuva de forma adequada, o que favorece ainda mais o cultivo da terra, juntamente da proximidade de rios e córregos, que ajudam também a irrigação. Costuma originar uma bebida mais encorpada, com níveis de acidez de médios para altos, e notas sensoriais de chocolate, nozes, caramelo ou cítricas, além de finalização prolongada, corpo aveludado e aroma marcante (com aquele cheirinho maravilhoso que a gente ama).

No final de 2023, a nossa curadoria teve o prazer de levar aos assinantes um café vindo diretamente dessa região e produzido por Gabriel Barruffini, fundador da Veroo, e seu irmão Maurício. Com 84 pontos, corpo aveludado e notas de banoffee, essa bebida mostrou a pura qualidade do perfil da Alta Mogiana.

Média Mogiana

Seu relevo, o clima e a altitude muitas vezes acima de 1000 metros se traduzem em alta produtividade e qualidade. Nesses locais de topografia mais acentuada, a mecanização da produção é dificultada, o que exige mais eficácia de mão de obra humana. A maior concentração de cafés nessa região fica na cidade de São João da Boa Vista. O café produzido por lá apresenta doçura e corpo medianos, com acidez equilibrada e notas de chocolate, castanha e nozes.

Nosso produtor Veroo do mês de agosto de 2024 foi Rubens Bello, diretamente da Média Mogiana. Seu café teve 83 pontos e um sensorial surpreendente: brigadeiro.

Vale da Grama (SP)

Essa porção se localiza entre duas regiões montanhosas de São Paulo, na Serra da Mantiqueira. O local origina cafés mais complexos que se destacam, mesmo com a dificuldade comum de mecanização que o relevo de montanhas confere. Em altitudes elevadas, com clima ameno e maturação lenta, o seu café tende ao equilíbrio. Além disso, o solo é extremamente fértil, por conta de um vulcão que foi extinto há 80 milhões de anos e configura o terreno como vulcânico.

Em abril de 2024, a curadoria da Veroo teve a felicidade de levar à sua comunidade o café do Adônis Cerris, com sensorial de geleia de tangerina e 84 pontos, cultivado na Fazenda da Mata, a 900 metros de altitude. Esse mestre dos cafés especiais, com seus 20 anos de experiência nesse universo, soma o seu saber fazer às condições do Vale da Grama para entregar ao mercado verdadeiras joias de consumo.

Mantiqueira de Minas (MG)

Essa região corresponde à porção mineira da Serra da Mantiqueira e é uma das mais premiadas do país em cafés de alta qualidade. Combinando um terroir único com um saber fazer aguçado, a área chegou a ser reconhecida como Denominação de Origem, modalidade de Indicação Geográfica, pela tradição em entregar cafés altamente diferenciados e surpreendentes, no ano de 2011. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Café da Mantiqueira, “para obtê-la, tivemos que demonstrar que o café produzido […] não está apenas associado à cultura da região, mas tem características específicas por causa do meio geográfico, como clima, solo, vegetação, até as pessoas que produzem”. 

O café obtido nessas terras costuma ter notas cítricas ou florais, corpo denso e cremoso, doçura elevada e acidez de média a alta. Vale ressaltar que essas características devem variar de acordo com a via seca ou a via úmida de produção do café. Enquanto a seca se refere ao processo de preparo que preserva a casca, a úmida elimina a casca e a mucilagem.

No mês de setembro, os assinantes da Veroo receberam o cafezão de 86 pontos do Thiago Lacerda, com sensorial de geleia de frutas vermelhas. Cultivado no Sítio Rego D’água, na Mantiqueira de Minas, ele deixou todos os cafezeiros da comunidade apaixonados.

Vindo também desta microrregião, mais um destaque de qualidade: o café da Leila e da Margot, com 83 pontos e sensorial lembrando panetone. Todo laudo, uma boa surpresa!

Caparaó (ES/MG)

O Caparaó está localizado em terras de dois estados: Espírito Santo e Minas Gerais. Encontra-se aos pés do Pico da Bandeira, o ponto mais alto da região Sudeste, com cerca de 2890 metros de altitude. Semelhante ao Vale da Grama, a região é montanhosa, portanto sem grande mecanização, e focada em pequenos produtores. Muitas propriedades são de cunho familiar, com manejo sustentável. 

Apesar destes fatores, a região vem se destacando nos cafés que produz e recebeu também o título de Denominação de Origem. O reconhecimento, a exemplo da Mantiqueira de Minas, é de grande valia aos produtores e à valorização da cadeia produtiva do café no Brasil. Nesse sentido, o presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Caparaó (APEC) confirmou: “Agora o café do Caparaó tem sua origem registrada e o trabalho de muitas famílias de cafeicultores será divulgado pelo Brasil e pelo mundo, trazendo para toda a região o desenvolvimento, a sustentabilidade e o prestígio de uma atividade tão bonita que vem sendo desenvolvida e passada de geração em geração.

Um dos grandes sucessos do Caparaó é o café da Dona Lelena e do Júnior. Ele foi levado aos assinantes Veroo em maio de 2024, celebrando também o amor entre mãe e filho. Esses grãos colhidos atingiram 84 pontos, aroma suave, notas de caramelo e flor de sal, e retrogosto com toque de baunilha, a pura qualidade dessa região com altíssimo potencial.

Sul de Minas (MG)

Essa outra macrorregião bastante premiada une temperaturas amenas e altitudes elevadas (de até 1400 metros) favoráveis. Por lá, existem porções do terreno mais mecanizáveis e outras menos, que se destacam por uma cuidadosa produção “artesanal”. Nessa região, encontra-se a famosa cooperativa de pequenos produtores Cooxupé. 

Do Sudoeste, costumam vir cafés com alta acidez e doçura, corpo médio e notas florais ou cítricas, enquanto nas montanhas, a bebida tende a apresentar também alta acidez e doçura, com corpo aveludado e notas de chocolate, caramelo, amêndoa, além das cítricas e florais.

O café da Veroo do mês de outubro de 2024, por exemplo, veio desta região, sendo produzido pela Rose e o Leandro Gonçalves no Sítio Santa Rita. Essa curadoria alcançou 84 pontos, com sensorial de favo de mel e aroma de caramelo com leve frutado.

Cerrado Mineiro (MG)

O Cerrado Mineiro abrange 55 municípios e foi a primeira região a receber a Denominação de Origem pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), sendo seguido pela Mantiqueira de Minas, como já citamos. A região apresenta um clima mais seco na época de colheita, o que permite que o café sofra menos com a umidade depois de colhido. 

O seu grande diferencial está no relevo plano, o que facilita a mecanização e o crescimento dos cafeicultores e de negócios de grande escala. Falando em grãos, sua principal variedade é a Catuaí Mundo Novo. A sua bebida deve se caracterizar por aroma marcante, acidez delicada, finalização prolongada e notas de caramelo, chocolate ou nozes.

Chapada Diamantina (BA)

Segundo a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), a Bahia é o 4º maior produtor de café do Brasil. A Chapada Diamantina se destaca no estado pelo reconhecimento nacional e internacional de seus cafés especiais. Suas temperaturas médias entre 18 e 25º C, evitando a perda de água pelo processo de evapotranspiração, e sua altitude elevada de mais de 850 metros são ideais para o café arábica. 

Porém, como a época de colheita é chuvosa, o processo de secagem pode exigir mais atenção. Apesar disso, o regime pluviométrico é bem distribuído ao longo do ano e ocorre restrição hídrica em apenas dois meses, com acumulado anual entre 800 e 1200 mm. 

O perfil do café dessa macrorregião tende a um corpo aveludado e adocicado, com final prolongado, acidez cítrica e notas de chocolate ou nozes. Por fim, o solo geralmente é profundo, com fertilidade manual, e soma-se a isso o elevado nível tecnológico do cultivo.

Matas de Minas (MG)

Composta por 64 municípios e situada em uma área de Mata Atlântica, essa região produtora já recebeu também a Indicação Geográfica. Apesar das dificuldades de se executar uma cafeicultura “sobre morros”, os produtores dessa região já foram finalistas de concursos de cafés especiais e desenvolvem todos os anos produtos de muita qualidade. Isso se deve ao fato de que a produção conta com elevada qualidade manual e eficazes técnicas artesanais. No entanto, o perfil das Matas de Minas inclui, em sua grande maioria, apenas cafeicultores de pequeno e médio porte, visto que cerca de 80% dos 36 mil produtores da região possuem menos de 20 hectares plantados. 

Com perfil encorpado, alta doçura, acidez média e aroma achocolatado, a bebida que se origina nas Matas de Minas é mais um espetáculo. Alessandra e Michel Cupertino são dois dos artistas do café desta região, tendo enviado grãos de 84 pontos para os assinantes do clube Veroo em junho de 2023.

Montanhas do Espírito Santo (ES)

As Montanhas do Espírito Santo, com 16 municípios capixabas, encontram-se acima dos 400 metros e possuem temperatura média anual entre 18º e 22º C, o que configura dois atributos naturais geográficos de grande relevância ao perfil dos cafés da região. 

Ela conta, desde 1980, com investimentos em maquinário e tecnologia de processamento mais modernos e eficazes, mas a principal modalidade de propriedade é a pequena, com agricultura familiar e artesanal. A cafeicultura é a principal atividade agrícola do estado, que vem se destacando como produtor da espécie arábica. As variações de solo e altitude nas montanhas são responsáveis pela diversidade dos grãos produzidos pela área, que já recebeu Denominação de Origem. 

Os cafés despolpados originados de lá geralmente possuem corpo aveludado, com acidez cítrica e brilhante, e sensoriais, como: frutas vermelhas, caramelo, chocolate, floral, baunilha e melado de cana. Enquanto isso, os cafés naturais apresentam corpo intenso e médio, e notas, como: frutas amarelas, caramelo, doce de leite, mel, cidreira, entre outros. Seus cafés de maior altitude costumam possuir perfis mais exóticos do que os produzidos em menor altitude.

Norte pioneiro do Paraná (PR)

Apesar da cultura cafeeira ter perdido muita força ao longo dos anos no estado, os produtores dessa região são bastante ativos e participativos quanto ao desenvolvimento da cafeicultura na região, aliados a cooperativas e institutos de pesquisa agronômica. Destes produtores, por volta de 90% possui pequena propriedade, com alto cuidado em todo o processo produtivo do café. O Paraná possui, em grande parte de seu território, terra roxa, ou seja, um tipo de solo muito fértil de origem vulcânica. 

Os cafés desta localidade possuem composições complexas, devido também à lenta maturação, geralmente com corpo cremoso, alta doçura e acidez cítrica, e notas de chocolate, caramelo, melaço, mel, frutado, entre outros. Essa bebida costuma ser muito bem pontuada, devido à contribuição das temperaturas medianas do clima subtropical e de altitudes acima dos 500 m. 

Com seus 45 municípios, a região conquistou o selo de Indicação de Procedência em 2021. Isto permitiu que os produtores se interessassem ainda mais em melhorar os resultados da lavoura. Ou seja, estão sempre buscando ajustes no manejo e no cuidado com a plantação. 

A escolha do seu café especial

Como vimos, a qualidade e as características do café são resultado de muitos fatores humanos e ambientais. Tais aspectos estão reunidos no conceito de “terroir” e variam conforme a distribuição regional das plantações. Portanto, estar atento a esse ambiente é muito importante para o grão que irá comprar. Porém, isso não significa que um desses fatores será determinante, sozinho, para obter uma boa bebida. A verdadeira qualidade será definida por uma combinação de tais condições, de modo geral. 

Pode parecer, portanto, uma missão muito difícil escolher o “melhor” café especial, dentre tantas opções. No entanto, esse processo não precisa ser nada complexo. No clube de assinaturas da Veroo, o nosso time de especialistas seleciona todo mês, para você, um café especial acima de 82 pontos, aprovado e laudado pelo Q-Grader da equipe, além de ser inédito e cultivado por pequenos produtores, sempre alinhados ao Comércio Justo e ao consumo consciente. 

Portanto, com a Veroo, você pode viajar pelas diversas macrorregiões produtoras de café especial, experimentando os mais diferentes grãos, sem precisar sair de casa. Assim, fica impossível não fazer parte dessa comunidade, né?

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